O REFÚGIO




Rio de Janeiro - Quando comecei a ler “O Refúgio” (Editora Intrínseca - 316 págs.), romance de estréia do escritor Mick Kitson, minha primeira curiosidade foi saber como o autor contaria a história de duas crianças que, fugindo da violência doméstica e da polícia, passam a viver numa floresta, sem que a história não fugisse dos horrores da verdade ou soasse falsa e fantasiosa. 

  

O autor deu conta disso. A história das irmãs Sal e Peppa soa como verdadeira e não como uma fábula como a de “João e Maria”, dos irmãos Grimm.


A história começa com as irmãs Sal, de treze anos e Peppa, de oito, escondidas na floresta de Galloway, no sul da Escócia. E se passa quase toda ali, com as duas cercadas de animais perigosos e uma paisagem deslumbrante. 


Para sobreviver, Sal vai ter que usar tudo o que aprendeu durante meses assistindo a vídeos de vida na selva, armadilhas, armas, ferramentas e decorando manuais de sobrevivência. 


Longe de representar um perigo, a selva, em vez disso, significa para as irmãs refúgio e proteção, longe do abuso e da violência familiar. Juntas, elas vão caçar, nadar, fazer fogueira, se abrigar da chuva, do frio e se esconder da polícia e de qualquer um que ameace separá-las.


A infância de Sal e Peppa, na floresta, é bem diferente das crianças da idade delas. Ao invés de estudar, ler, ver TV e brincar com os amigos, elas precisam caçar, fugir dos perigos da selva e tentar sobreviver naquele ambiente inóspito.


Alí, Sal e Peppa vão descobrir como sobreviver não só aos desafios da vida selvagem, mas também ao trauma que roubou sua infância. 


O Refúgio é uma leitura instigante e comovente que fala de esperança, redenção e recomeço.


O autor, Mick Kitson, nasceu no País de Gales e cresceu em Londres, na Inglaterra. Trabalhou por muitos anos como jornalista e professor de literatura inglesa, antes de se tornar escritor.


Nos anos 80, formou com o irmão a banda The Senators. Ele mora com a esposa e com Lucy, sua cadela mal-humorada, em Fife, na Escócia, onde passa o tempo pescando, tocando banjo e construindo barcos.


*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor.


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